Era preciso coragem. E como eu sempre faço quando preciso dela, entrei no bar e tomei quatro doses de uísque. Então liguei para minha ainda esposa.
- O que você quer? – gritou logo que atendeu.
Desliguei. Precisava de mais coragem. Por isso tomei mais quatro doses e retornei.
- Qual é o seu pro-ble-ma? – disse ela.
- Olha só. Estou ligando na paz. Queria apenas dizer que estou de acordo com o divórcio. Tem como me encontrar?
Marcamos no apartamento que eu estava alugando.
Quando ela tocou a campainha eu abri a porta já apontando a arma. Ela não demonstrou nenhuma reação e entrou sem nem me olhar e sentou-se no sofá, cruzando aquelas pernas que já foram minhas.
- Abaixe essa merda e vamos direto ao assunto.
Ela sempre conseguia fazer aquilo. Não demonstrava seus medos. Algumas pessoas são especialistas em esconder seus medos, e com isso conseguem intimidar quem quiser. Esse é o grande truque do ser humano.
Abaixei a arma, derrotado, e comecei a chorar bêbado. Então coloquei a arma na minha boca. Nenhuma reação dela. Engatilhei.
- Atira logo – disse ela. – Já estou ficando excitada.
Comecei a tremer e ela tirou a arma da minha mão. Deixou apenas uma bala no tambor. Girou, apontou para sua cabeça e disparou. Nada.
- Bem, agora é sua vez.
Girei o tambor, engatilhei apontando para minha cabeça. Na hora de disparar virei a arma para ela. Ela voou para o sofá com o impacto e um furo bem no meio da testa.
Sai para tomar quatro doses de uísque. Eu havia aprendido o truque.
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