Cheguei no horário combinado. Ela estava usando uma calça de couro e uma camiseta dos Rolling Stones. Batom vermelho. Levemente bêbada. Eu estava bastante bêbado.
- Você é pontual – falou me beijando.
Ela disse que o jantar estava no forno. Enquanto isso, bebemos vinho e conversamos sobre coisas que as pessoas conversam e depois não lembram mais, pois não queriam estar conversando sobre tais coisas. Matando o tempo. Vivemos para matar o tempo, até que ele nos mate.
- Hum... o cheiro tá muito bom – elogiei. E realmente estava. Nunca havia sentido nada igual.
Ela me beijou e me levou para cozinha pela mão. Servi outra taça de vinho e me sentei. Ela colocou o jantar na mesa.
- Que merda é essa? – perguntei espantado ao ver uma cabeça humana assada em minha frente.
- É meu ex-namorado. Cleber.
Ela abriu um tampão na careca e provou uma fatia do cérebro.
- Está ótimo – falou, passando a língua nos lábios.
Colocou um pedaço no meu prato. Realmente era a melhor coisa que eu já tinha comido em minha vida. Talvez por estar bêbado.
Após o jantar, fomos para cama. Sentia-me meio tonto. Dopado mesmo. Enxergava embaçado e mal ouvi quando ela perguntou se eu queria ser o seu namorado. Lembro que respondi que sim e adormeci.