Depois de duas garrafas ela resolveu ligar. No primeiro toque foi atendida por uma voz sonolenta.
- Alou.
- Oi. É a Bia. Que cê tá fazendo?
- Você está bêbada?
- Ai, que cê tá fazendo?
- Nada demais. Estava... lendo...
- Lendo os perfis de suas centenas de amigos na rede social
e se informando sobre o que cada um está comendo e bebendo e vestindo e
protestando e curtindo, enquanto você fica escrevendo “lindo” para cada foto de
bicho e frase de efeito que apareça na sua frente e imaginando como as pessoas
podem ter uma vida tão dinâmica e virtuosa e você nem ao menos tem algo para
compartilhar ou alguém para trepar?
- Você exagera.
- Vinho ou cerveja?
- Você que sabe.
Em uma hora Bia chegou. Como já estava no vinho,
seguiu no mesmo, e para garantir levou também cervejas. As colocou na geladeira
e abriu o vinho.
- Cada vez que venho aqui você está melhor, hein - disse ela.
Ele sorriu e serviu-se. Ela apertou sua bunda.
- Realmente você parece cada vez melhor.
Ela o agarrou. E como quem lembra de algum compromisso importante, ele simplesmente parou de beijá-la e apontou o
celular para sua taça, tirou uma foto, aplicou um filtro que dava um ar retrô e postou em todos as redes sociais que tinha cadastro.
- Posso marcar você? - perguntou, sem desviar os olhos do aparelho, enquanto ela recolocava o casaco.
- Posso marcar você? - perguntou, sem desviar os olhos do aparelho, enquanto ela recolocava o casaco.