SE AO MENOS TIVESSE UM PLANO B


Ela disse para si mesma que naquela noite estaria pelo crime. Animada, colocou sua melhor lingerie, aquele vestido que tinha usado no carnaval de Recife, o perfume que dizia ser irresistível e foi conhecer aquele lugar com “discrição total” que descobriu na internet.

Para perder o nervosismo tomou alguns drinks antes de entrar. No entanto, decepcionou-se ao encontrar alguns pequenos grupos de pessoas com expressões patéticas, com o peso três vezes acima do normal ouvindo uma música que estava sendo cantada por um senhor tocando teclado. Tudo cheirava a suor de virilha. Nada do que havia lido existia ali. Onde ela foi se meter? Estava tensa. Alguns senhores muito bêbados a encaravam como mortos de fome. Começou a ficar enjoada com aquele cheiro de podridão a perfume de cabaré. Foi vomitar no banheiro e acabou encontrando uma senhora dormindo na privada. Deu tempo de desviar, mas um pouco respingou na cara da velha, que nem se moveu. Saiu correndo daquela imundície sem consumar qualquer tipo de crime para a qual estava disposta naquela noite e frustrou-se.

Nunca se sentiu tão bem em voltar para a casa. Tirou sua lingerie, seu vestido de carnaval, tomou um banho para tirar o perfume irresistível e vestiu um pijama bege e folgado que nunca contou para ninguém que adorava e deitou-se sozinha pensando o quanto era difícil fugir da realidade.

Nenhum comentário: